terça-feira, 29 de maio de 2012

Minas

Terras montanhosas Gerais.
            espinhudas
feito pele adolescente.
    perfurada em trilho
de aluvião   mi-
                      li-
                         mé-  tricô

Chuvisco de ourives
de barroco, de ouro 
negro, de leite

Liberdade ainda que tardia

Uma rosa Drummondiana
      ou uma boiada Guimarânica.
E agora?


domingo, 27 de maio de 2012

Pronominal

Ser taquicárdico
      tagarela por muito
espasmo

Esguio
estilhaçado
relapso
pés ao chão
Livre

Cabelo preto leonino
cafuné
cafundó
cafuzo

Ser sim
não sendo

Pois ser
é negar o fim
não do que
é
mas do que há de vir

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Pássaros

Curioso que se diga
é amar
de tanto intenso,
inimaginável,
a tal menina:

(De sentir
feito passarinho novo
saltando do ninho:
sensação piquetitica
piquetucha
   piquenique
 
   criar asa
e virar gaivota petalada,
 assim tamanheza graúda.

tão grande que
  ancho,
     nunca nem bica
desbica e pia.)

Pois amor é estrupício tolo
    voo   esquálido
              esguio
         – sem traço   
que faz cacto soltar água
e compasso rasurar quadrado

Mas que vez em quando,
raro ao nunca,
bate à porta
bate o pé
bate no peito
e deixa o poeta envergonhado.
   De completo sem jeito.

A versejar na
poesia branca
quanto sem rima:
Tê amo

domingo, 20 de maio de 2012

Enquanto não houver justiça

*Aos torturados na ditadura militar brasileira (1964-1985)

Triste é ter na vida
uma dor sem elegância
          por querer de todo
  bem o mundo

Da senhora na janela,
   do menino com mochila
do camponês cansado
          e do herói
                 sem caráter

Triste é ter dor no peito
              nó na garganta
imbróglio carrancudo e
sentimento de carrasco

     Esta estrada sofrida
             salgada
sozinha nazista medieval
de choque em genitália
e grito desgraçado
                     feito arara

Triste é (ainda) querer bem
e ver em passos
             crianças
             calçadas
aquela velha tatuagem
trincada do passado

mas é de tanto triste
querer mudar essa nossa
   ditadura históri[c]a
sem ter um púlpito, um mero pingo
               de memória

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Chaplin

Era tudo mudo
a salinha
as pessoas
            o mundo

Mas no silêncio amanteigado,
um ruído se ouviu:
"crash crash crash"

Com a pipoca
  o cinema mudo
sumiu

domingo, 13 de maio de 2012

Florear

*Em homenagem a Vinícius de Morais

     À menina
semiótica
semi-rosa,
    com uma flor

À menina
(que chora,
               depois da guerra),
outra flor.
Despetalada
        descolorida
                  desiludida
     Hiroshima

Ao menino,
      mais uma flor:
Toquinho, Francisco,
Whisky e um tal
   Diamante nordestino.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

terça-feira, 1 de maio de 2012

1° de maio

Produto ralo:
Corre entre máquinas e galpões,
  repetindo
         procriando

Produto unido:
Sindicato, comitê
             revolução
             revolta
Partido

volta.

dia-dia:
mais trabalho
menos
poes       ia